Sempre que surge em nós alguma
emoção negativa, estresse ou qualquer tipo de desconforto emocional, é um sinal
de que, em algum nível, entramos em um processo de não aceitação da realidade.
Situações acontecem e reagimos internamente contra a realidade nos causando
sofrimento.
Os pensamentos de não aceitação
são os mais diversos. Alguns desses pensamentos falam sobre coisas que estão
acontecendo no presente momento, e outros focam em situações já passadas: Eu
não deveria ter feito isso; fulano deveria ter falado comigo de outra forma; as
pessoas deveriam se comportar de tal maneira; eu deveria ter feito outra coisa
e não fiz; o mundo deveria ser mais justo; eu não aceito o que aconteceu
comigo; não suporto o jeito de falar de fulano (pensamento que deixa implícito
que fulano deveria ser de outra forma); o avião não deveria estar atrasado e
etc...
Imediatamente ao entrarmos em
conflito coma realidade, surge desconforto. Ditamos internamente como a
realidade e as pessoas deveriam ser. Mas elas são sempre do jeito que são, e
não há pensamento no mundo dentro de nós que possa mudar a realidade do jeito
que ela está se apresentando naquele momento, ou o que já passou.
Uma das formas mais comuns de não
aceitação da realidade é o hábito de reclamar. Existem pessoas que reclamam
continuamente de tudo o que acontece e que não se encaixa com o ideal
imaginário que ela criou. Reclamam do trânsito, da fila, do atraso, do salário,
das atitudes de alguém, e até do clima, o que as deixam eternamente estressadas
e insatisfeitas.
Existe uma crença que está
profundamente enraizada no inconsciente coletivo que diz que se nós aceitarmos
as coisas como elas são, não vamos fazer nada e assim tudo ficará do jeito que
está. Essa crença deixa implícito que nós só vamos agir se ficarmos infelizes e
estressados, o que ajuda a alimentar o estado de não aceitação. O que acontece
é que a maioria das pessoas continua reclamando, gerando muito desconforto para
si e para a coletividade, e não toma providências práticas para melhorar a
realidade.
Será que é possível entrar em um
estado de aceitação e agir mesmo assim para mudar algo? Sim, é claro que é
possível. Aceitação é diferente de acomodação. Aceitação é apenas o fim da
guerra interna com a realidade; o fim da ditadura interior que diz que a
realidade deveria ser de outra forma enquanto ela é do jeito que é, nos
causando apenas estresse. A acomodação acontece quando podemos fazer algo e não
fazemos. Podemos aceitar a realidade, ou seja, deixar de ficar brigando
internamente com ela, já que isso não ajuda e apenas nos causa desconforto, e
ao mesmo tempo fazermos o melhor que pudermos para tornar a realidade mais
prazerosa.
A acomodação é sempre um reflexo
de medos, inseguranças e processos de autossabotagem se manifestando em alguém.
Não faz sentido poder fazer alguma coisa e simplesmente não fazer. Um ser
humano em perfeito equilíbrio emocional consegue aceitar em paz a realidade e
ao mesmo age da melhor forma que puder se tiver algo que possa ser melhorado com
sua ajuda. Se você faz um pedido ao garçom e ele traz a comida errada, é possível simplesmente aceitar o erro que
ele cometeu (e assim não se sentirá estressado)
e ao mesmo tempo pedir pra que ele traga o prato correto.
Uma
pessoa acomodada sente medo, preguiça, vergonha e acaba não tomando a
providência necessária. Já a pessoa que está no modo da não aceitação, toma a
providência, mas acaba gerando muito desconforto para si mesmo. Conforme todos
nós sabemos, o estresse afeta a nossa saúde emocional e física, gera tensões no
corpo e diversas outras somatizações.
A ação
que vem de uma pessoa em um estado de aceitação é mais eficiente pois está
livre de qualquer negatividade. Assim não há exageros, dramas ou distorções. É
uma ação lúcida, que vem de alguém que sabe lidar bem com a realidade.
Os
melhores diplomatas, negociadores e conciliadores são pessoas que não ficam
brigando internamente com a outra parte, eles aceitam e fazem o melhor possível
e assim conseguem resultados muitas vezes surpreendentes.
Mas em
muitos casos, não há nada realmente a fazer. Reclamar do transito, por exemplo,
não o fará ir mais rápido. Nesses casos a única coisa sensata a se fazer é
entrar no estado interior da aceitação. O mesmo é válido para qualquer fato que
tenha acontecido no passado.
Toda a
negatividade que criamos em torno da não aceitação, além de gerar estresse,
ajuda a atrair mais situações desagradáveis. Atraímos para a nossa realidade
aquilo que estamos sentido, e se nosso estado interior é de desconforto, mais
situações desagradáveis surgem. O estado de não aceitação faz ainda a nossa
mente ficar focada nas coisas negativas da vida, consumindo nossa atenção que
poderia estar direcionada para coisas boas ou para criar soluções e transformar
a realidade.
Talvez
você já tenha passado pela seguinte experiência. Ao se desapegar de um
determinado problema que você tentou de várias formas resolver e não conseguiu,
surge uma solução sem que seja preciso a sua intervenção ou que exija apenas
uma ação bem simples. O desapego faz parte do estado de aceitação.
Quando
aplicamos EFT, removemos todos os sentimentos desconfortáveis que surgem ao
pensarmos em situações do passado, situações futuras e outros pensamentos
quaisquer. Isso nos coloca em um estado profundo de aceitação. Nesse estado de
paz interior nossa sabedoria aumenta e sabemos de uma forma intuitiva se é
possível agir, e caso seja possível, a melhor ação a ser tomada.
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